Numa entrevista extensa e abrangente, a escritora Irís
Abravanel, esposa do apresentador e empresário Silvio Santos, falou sobre sua
conversão e prática de fé.
À Revista
IstoÉ, Irís falou ainda sobre sua família, profissão –
atualmente escreve a novela “Carrossel” para o SBT – e relacionamento com o
marido, que é judeu.
Irís afirmou que sua
conversão se deu de maneira curiosa: “Foi dentro da minha casa. Eu não sabia,
mas todos os meus funcionários eram evangélicos. Fui convertida pelo copeiro de
casa, o José. Ele se alfabetizou pela Bíblia e espalhava versículos pela casa.
Eu olhava aquilo e achava legal, mas para o José”, revela.
A escritora conta que
sua aproximação com Deus se deu por frustrações e pelo desejo de viver uma
experiência com Ele: “Em 8 de outubro de 1998, decepcionada com todas as outras
religiões que havia experimentado, pedi para Deus que, se ele existisse, desse
uma prova de sua existência. Estava em casa e pedi um café. O José me trouxe e
logo foi dizendo: ‘Olha, dona Íris, ainda bem que a senhora me chamou. Eu
estava lá no seu jardim e o meu Deus mandou eu te dizer que a senhora é muito
amada por Jesus’. Comecei a chorar. Aí, ele me disse que todos os funcionários
se reuniam para orar por mim e pela minha família. No dia seguinte, fui atrás
de uma Bíblia para saber quem é Jesus. O José quis me dar a dele. E eu não
quis. Aí, ele me disse: ‘Dona Íris, a senhora tem tudo. Esse é o melhor
presente que eu posso lhe dar e a senhora não quer aceitar?!’ Foi a primeira
lição que tive. Como somos soberbos”, disse Íris à revista.
Reservada, a esposa do
apresentador mais famoso do Brasil afirmou que não é filiada a uma denominação
em especial: “Não sigo uma igreja específica. Nunca imaginava que um dia eu
seria crente na vida. Mas, desde a conversão, eu me enfiava em qualquer garagem
onde se falava de Jesus. Queria aprender. A primeira igreja em que estive foi a
Assembleia de Deus. A segunda, a Congregação [Cristã no Brasil]. Lembro que fui
de saia e Bíblia na mão (risos)”.
Como o marido é judeu,
as filhas foram criadas com ensinamentos da religião judaica. Íris, porém,
afirma que nunca tentou se converter ao judaísmo, e que ora junto ao marido:
“Não tentei me converter ao judaísmo. Eu nunca seria judia. As meninas (filhas)
aprenderam hebraico e fizeram Bar Mitzvá, acho bacana. O Silvio é judeu, vai à
sinagoga, mas ele está quase vendo que o Messias… quando a gente ora, o Silvio
se sente muito bem. Às vezes, ele pede para a Patrícia orar”, revela, fazendo
referência à filha que tem se arriscado como apresentadora no SBT.
Confira abaixo, a
íntegra da entrevista de Íris Abravanel à Revista Istoé:
Onde a sra. busca inspiração para escrever?
Impossível escrever uma história e não colocar um pouco do que
você viveu, de livros que leu, de filmes a que assistiu. Uma vez cortei um
pouco o cabelo das meninas (filhas) achando que isso fortaleceria o cabelo
delas. As quatro chegaram à escola com cabelos tipo tigelinha. Aí, voltaram
para casa p. da vida. Revivi um pouco disso em “Carrossel”. Nessa novela,
insisti em cenas que mostram as crianças mais distantes de computadores, games,
e mais dispostas a criar brincadeiras.
Coisas que a sra. fazia com as suas filhas?
Sim. Então, você vê chapéu sendo feito com jornal e coisas do
tipo, para despertar a criatividade delas. Mexer com fantasia da criança é
sempre saudável. Quando somos pequenos, criamos um amigo imaginário e isso é
positivo porque, assim, resolvemos conflitos, diferenciamos o bem e o mal. A
gente está conseguindo passar coisas edificantes para a criançada. Fui professora
durante cinco anos. Sempre gostei de trabalhar com criança. Por mim, eu teria
dez filhos.
Por que a sra. resolveu iniciar uma nova carreira perto dos 60
anos?
Eu vinha percebendo a dificuldade do Silvio em contratar autores
de novelas. Os melhores estavam na Globo ou na Record. E o contrato do SBT com
a Televisa (emissora mexicana parceira do SBT) havia terminado. Aí, em um
jantar, ele lamentava a dificuldade que vinha enfrentando. E eu disse: “E se eu
escrever?” Na hora, eu pensava em resolver um problema dele. E acabei ganhando
um problemão! Sofri preconceito no início. Muita gente dizia: “Ela vai ficar
dois meses nessa e não vai aguentar, vai para o shopping”. Mas, como diz o
Chaves (personagem de uma série televisiva mexicana), “não contavam com a minha
astúcia”!
Qual foi a reação do Silvio Santos?
Quando perguntei ao Silvio o que achava de eu escrever novelas,
ele me disse para ir em frente, mas para não retroceder depois. O nome da
primeira novela, “Revelação”, foi o Silvio quem deu. Porque (eu fazer novela)
seria uma revelação (risos). No começo, eu não era contratada pelo SBT.
Trabalhei seis meses sem receber nada, até provar que eu seria capaz. Eu tinha
um computador que não era de última, mas da primeira geração (risos). Eu fui
montando a minha equipe com pessoas que conhecia. Éramos um exército de
pernetas! Uma das colaboradoras, por exemplo, de professora de matemática
passou a fazer cenas. Nós almoçávamos na minha casa. Foram seis meses de
deserto, sem nenhum recurso. Hoje, sou funcionária do SBT. Tenho registro em
carteira. Fazia pelo menos 30 anos que não tinha registro. Tive apenas um
aumento, muito reivindicado, em cinco anos no SBT. Agora, com “Carrossel”,
estou pensando em negociar de novo. Eu nunca tinha ido, por exemplo, sozinha ao
SBT
E como foi a experiência?
Cheguei na portaria um dia para uma reunião. Disse que eu me
chamava Íris e tinha uma reunião marcada. Aí, me disseram: “Pois não, pode
encostar ali do lado e aguardar.” E foi o que eu fiz. Fiquei ali aguardando até
que a pessoa com quem eu ia falar avisou na portaria: “Vocês sabem quem é que
está aí esperando?” Não sei bem o que aconteceu, ao certo, mas as portas se
abriram e eu entrei (risos). E aí começou o respeito por mim, desde a portaria.
Nunca falei “você sabe com quem está falando?” para alguém. Cada um no seu
lugar, né? Logo depois, a minha equipe toda passou a ter crachá para entrar no
SBT. Aí, não queriam dar um para mim, disseram que eu não precisaria. Eu chiei:
“Como não preciso? Já fui barrada (risos)!” Aí, fui lá tirar foto e exigi
crachá.
Como foi iniciar uma carreira na empresa do marido?
À medida que você vai se relacionando, as pessoas vão esquecendo
quem está por trás de você e passam a enxergar o lado profissional. Algumas
pessoas, quando veem que há coisas a serem modificadas no meu trabalho, ainda
têm dificuldade de dizer isso para mim. Mas com o tempo a gente (ela e Silvio)
vira doce de festa e as pessoas se acostumam com a nossa figura.
Ainda consegue administrar a casa como fazia antes?
Todos os nossos funcionários estão com a gente há mais de dez
anos. Então, cada um já sabe o que fazer e eu não preciso ficar em cima. A
coisa só muda quando a gente viaja. Aí, eu e o Silvio arregaçamos a manga. Eu
faço a comida e o Silvio limpa a cozinha. Ele limpa a cozinha melhor do que eu.
Limpa o fogão direitinho… Ele gosta de fritar bife. Tem o ponto da carne lá que
ele gosta. E ele ama o Walmart, porque nesse supermercado tem de tudo.
Gostou quando Silvio assumiu os cabelos grisalhos na tevê?
Eu estou acostumada, porque, quando a gente viaja, ele está
assim. Mas achei o máximo ele se mostrar do jeito que é de verdade. Sabe por
que gosto do grisalho? Porque o tom de pele dele fica mais suave, bonito. Mas
tenho a impressão de que ele voltou a pintar o cabelo por causa da opinião das
pessoas também.
O que aprendeu com o episódio do sequestro da sua filha
Patrícia?
Doía muito (quando a filha estava em poder do sequestrador, em
2001). É como se tivesse arrancado um pedaço de mim sem anestesia. Com o
sequestro, aprendi a demonstrar mais amor, carinho, pelas pessoas enquanto elas
estão ao nosso lado. Disseram que a Patrícia estava com síndrome de Estocolmo
(quando a vítima passa a ter simpatia e até sentimento de amor ou amizade pelo
seu agressor). Ela não teve síndrome nenhuma. Ela, naquele momento, enxergou a
diferença da vida de dois jovens, a dela e a dele (sequestrador). Esse episódio
não mudou nada em nossas vidas. Continuamos vivendo sem seguranças por perto,
nada. Nossa maior segurança é Deus mesmo.
A Sra. é evangélica. Como se deu a sua conversão?
Foi dentro da minha casa. Eu não sabia, mas todos os meus
funcionários eram evangélicos. Fui convertida pelo copeiro de casa, o José. Ele
se alfabetizou pela Bíblia e espalhava versículos pela casa. Eu olhava aquilo e
achava legal, mas para o José. Em 8 de outubro de 1998, decepcionada com todas
as outras religiões que havia experimentado, pedi para Deus que, se ele
existisse, desse uma prova de sua existência. Estava em casa e pedi um café. O
José me trouxe e logo foi dizendo: “Olha, dona Íris, ainda bem que a senhora me
chamou. Eu estava lá no seu jardim e o meu Deus mandou eu te dizer que a
senhora é muito amada por Jesus”. Comecei a chorar. Aí, ele me disse que todos
os funcionários se reuniam para orar por mim e pela minha família. No dia
seguinte, fui atrás de uma “Bíblia” para saber quem é Jesus. O José quis me dar
a dele. E eu não quis. Aí, ele me disse: “Dona Íris, a senhora tem tudo. Esse é
o melhor presente que eu posso lhe dar e a senhora não quer aceitar?!” Foi a
primeira lição que tive. Como somos soberbos.
Frequenta alguma denominação evangélica específica? A sra.
tentou se converter ao judaísmo?
Não sigo uma igreja específica. Nunca imaginava que um dia eu
seria crente na vida. Mas, desde a conversão, eu me enfiava em qualquer garagem
onde se falava de Jesus. Queria aprender. A primeira igreja em que estive foi a
Assembleia de Deus. A segunda, a Congregação. Lembro que fui de saia e “Bíblia”
na mão (risos). Mas não tentei me converter ao judaísmo. Eu nunca seria judia.
As meninas (filhas) aprenderam hebraico e fizeram Bat Mitzvá, acho bacana. O
Silvio é judeu, vai à sinagoga, mas ele está quase vendo que o Messias…quando a
gente ora, o Silvio se sente muito bem. Às vezes, ele pede para a Patrícia
orar.
Como conheceu o Silvio?
Eu o conheci em uma praia, no Guarujá (SP). Eu ainda dava aula e
estava noiva. Tinha de 18 para 19 anos e ele o dobro da minha idade. Foi uma
tragédia, porque, quando o meu pai soube, ficou doente. A gente começou uma
amizade e demorou para a gente ficar junto. Eu me casei, antes, e o Silvio foi
padrinho. Me separei depois de cinco anos. A família era contra eu me
relacionar com homem de televisão.
Quem de vocês dois foi mais tolerante em relação às
idiossincrasias do companheiro?
Eu era uma pessoa bem difícil, geniosa, meu ponto de vista tinha
de prevalecer sempre, era teimosa. Hoje não. Como o Silvio, que também mudou, e
hoje administra melhor o ciúme que ele sentia, por exemplo.
A separação que vocês tiveram nos anos 1990 tinha a ver com o
ciúme também?
Sim. Eu me sentia sufocada. Ele era muito ciumento, de controlar
passo a passo. Depois desse episódio, ele aprendeu a administrar melhor. Foi
uma briga de foice, de gigantes, eu com estilingue e ele com um exército
(advogados foram contratados por ambas as partes). Depois que reatamos
(permaneceram separados por cerca de seis meses), eu disse a ele: “Agora, não
me separo nunca mais. Você vai ter de me aguentar para o resto da sua vida”.
Fonte: ADIBERJ