Do ADIBERJ.
Esta
é uma pergunta muito pertinente para o momento que estamos vivendo. Há muitos
líderes reclamando do esvaziamento das igrejas, especialmente as históricas.
Creio que existem algumas razões para o
esvaziamento dos templos, da participação na adoração coletiva e aumenta o
número dos desigrejados, caracterizados
pelo individualismo e por uma certa aversão à comunidade ou à participação
coletiva e aos compromissos inerentes. Parece-me que há algumas razões desse
esvaziamento.
A primeira é a falta de oração.
Conversar com Deus, abrir o coração para Ele, interceder por pessoas, confessar
os pecados e adorar o Senhor na vida de oração se tornaram escassos. Há muito
pouca oração pessoal e muito menos coletiva. Sabemos que a
oração é a chave do avivamento. A igreja primitiva cresceu porque
orava intensamente (Atos 2.42-47; 4.32-37). A oração era um estilo de vida, uma
devoção sincera e um deleite para o povo primitivo. Este é um testemunho
precioso para nós em pleno século 21.
A segunda é a falta de leitura e meditação
das Escrituras. Se na oração falamos com Deus, nas Escrituras Deus nos
fala. A Palavra de Deus é alimento e direção. É lâmpada para os nossos pés e
luz para os nossos caminhos (Salmos 119.105). Dwight Moody já dizia,
referindo-se à Bíblia, “ou este livro me afastará do pecado
ou o pecado me afastará deste livro”. Os membros da
igreja não estão mais lendo a Bíblia de forma devocional. Não se alimentam mais
das Escrituras Sagradas. Vão para os santuários vazios, com fome, pouco
discernimento e não preparados para receberem a mensagem. O pecado tem lhes
cauterizado a mente, endurecido o coração e cegado os olhos. Há um
embrutecimento latente.
A terceira é a falta do culto nos lares. Por
causa de vários fatores, não temos orado e meditado nas Escrituras em família.
Justificamos com a falta de tempo, correria, os compromissos. Na verdade, falta
interesse. Tempo não se tem, mas se administra. O nosso problema é a falta de
perspectiva correta. As coisas espirituais, de Deus, é que definem as coisas
materiais. O lar cristão deve ser sempre o lugar de adoração primária. É uma
escola onde aprendemos a amar a Deus sobre todas coisas e ao próximo como a nós
mesmos (Mateus 22.34-40). A falta de espiritualidade no lar o enfraquece diante
do mundo iníquo e do inimigo das nossas almas. O diabo trabalha ferozmente
contra a família. Não nos esqueçamos: Famílias fortes, igrejas fortes.
A quarta é a falta de amor que faz aumentar
o individualismo e o isolamento. A multiplicação da
iniquidade tem trazido o esfriamento do amor. Este foi o diagnóstico preciso do
Senhor Jesus (Mateus 24.12). As pessoas têm trocado a individualidade, que não
exclui o relacionamento, com individualismo que trabalha na direção oposta. O
comprometimento se reduz à vida pessoal e familiar. Os interesses genéticos têm
estado acima dos interesses do Reino de Deus. Jesus nos deu a receita (Mateus
6.33).
A quinta é a falta de testemunho poderoso.
Temos o Espírito Santo em nós, mas o Espírito não tem dominado nossas vidas.
Somos culpados, pois não temos dado lugar ao agir do Espírito Santo. A promessa
de Atos 1.8, é clara: “Recebereis poder, ao descer sobre
vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas em toda a Jerusalém e Judéia,
até aos confins da terra”. Como ensina Paulo, devemos nos
encher do Espírito Santo (Efésios 5.18). Uma vida cheia do Espírito tem poder
para testemunhar ao mundo. Somos testemunhas adorando a Deus em Espírito e em
verdade; aprendendo a Sua Palavra; comungando em amor e servindo às pessoas nas
suas múltiplas necessidades.
A sexta é a falta de comprometimento. A
assiduidade e a pontualidade não têm sido prioridades. Faltamos à igreja por
qualquer coisa. Ela não é a nossa prioridade de agenda. A nossa maior motivação
de estarmos sempre na igreja é que Jesus morreu por ela e nós somos a igreja
(Efésios 5.25-27). Não devemos ir ao templo, participar da comunhão dos santos,
por obrigação, mas por prazer, deleite. Se o nosso prazer está em Deus, não
teremos nenhuma dificuldade de congregarmos. Aliás, não devemos deixar de
comungarmos em profundo amor. Este é o ensino do escritor aos hebreus (10.25).
Aqui está uma forte exortação aos desigrejados.
A sétima é a falta de profundidade e vida
na pregação da Palavra de Deus. Muitos púlpitos estão
largos e rasos. Obreiros que não oram, não estudam a Bíblia e não cuidam do
povo. São copiadores de sermões. Não têm uma vida consagrada, ética. Não tem
sido o exemplo dos fiéis. Há aqueles que vivem na carnalidade. Não
contextualizam e nem vivem as Escrituras. Não vão fundo ao texto bíblico.
Ignoram as línguas originais e as teologias bíblica e sistemática. Não sabem
fazer a interpretação do texto, utilizando a exegese(ontem) e a hermenêutica (hoje)
do texto sagrado. Não dependem de Deus para o preparo do sermão, sua aplicação
à vida pessoal e a exposição sincera ao povo. Sabemos que o profeta não fala de
si mesmo, mas da parte de Deus. Se não ministramos diante de Deus pela devoção
nas Escrituras e em oração, como podemos ministrar ao povo na pregação e no
ensino? Muitos púlpitos não pregam mais sobre a hediondez do pecado.
Enfatizam a graça barata, e não a graça salvadora e santificadora que custou a
vida de Cristo na cruz e nos chama a um compromisso ético (Tito 2.11-14).
Por que as igrejas estão se
esvaziando? Faltam a oração, a leitura particular e familiar das Escrituras, o
amor fraternal, o testemunho poderoso ao mundo, o comprometimento com a igreja
local na assiduidade e pontualidade, o compromisso com a profundidade na
pregação e ensino das Sagradas Escrituras. Temos sido infiéis. Estamos mais
preocupados com os nossos interesses pessoais e familiares do que com os do
Reino de Deus. O nosso Deus não tem sido a nossa
PRIORIDADE. Ele não deseja Sua igreja esvaziada, mas cheia de pecadores
contritos, quebrantados e cheios de amor por Ele e pelo próximo. O esvaziamento
não glorifica a Deus, mas o contrário sim. O Senhor nos deu a Grande Comissão
(Mateus 28.18-20). Portanto, sejamos obedientes no seu cumprimento e a igreja
será acrescida dos que o Senhor haverá de enviar para a Sua própria glória
(Atos 2.47).
Pr.
Oswaldo Luiz Gomes Jacob
Pastor da Segunda Igreja Batista em Barra Mansa – RJ
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