Do Adiberj.
Tem se tornado mais
frequente as observações de líderes que tem descoberto que há Igrejas cheias de
pessoas vazias. Isso nos causa um certo impacto, pois leva em conta que a
vivência cristã não estaria cimentada no sadio Evangelho.
Ao viajar pelo país, também
tenho notado a mesma situação em diversos lugares. Claro que aqui utilizo o
termo “Igreja” para me referir ao espaço que conhecemos como templo, mas
podemos também nos referir a Igreja como instituição em si (claro que Jesus não
morreu pelo espaço e pelos objetos que estão neste espaço). Mas tenho também
observado que, embora muitas Igrejas estejam cheias, inúmeras pessoas ali
parecem continuar vazias de sentido no viver. Em vez de entregarem não só a
alma para Jesus, ainda não lhe entregaram tudo o que têm, negando-se a si
mesmas, conforme Lucas: 9.23.
Antes, estão buscando um
Deus de avental, pronto a servi-las com todas as benesses celestiais e,
principalmente, materiais. São pessoas que não estão dispostas a buscar o
arrependimento, o perdão, o abandono de uma vida egoísta e consumista dos bens
e riquezas, que foram mal nos negócios, no emprego, que não souberam planejar
sua vida e recursos e agora estão na pior. Então, buscam o “Deus-panaceia”, o
“Deus-resolve-tudo”, tipo um “Deus consertador”, uma espécie de “clínico geral”
e garçom.
Muitos líderes e Igrejas
são oportunistas, pois o mundo, estando cheio de pessoas com esse perfil,
fornece os clientes potenciais para rechear o caixa da Igreja e seus bolsos.
Por meio da pregação de um Evangelho antropocêntrico, despido da verdade
bíblica, transformam Deus em mercadoria de bom preço. Estão dispostos a pôr
Deus para trabalhar por eles a um custo inicialmente baixo, mas, se feito um
balanço, o custo será proibitivo, não apenas financeiro, mas também quanto ao
que de mais importante existe na vida – a perda de seu significado. Recebi um
e-mail de uma pessoa que frequentava uma Igreja assim e estava desiludida, pois
já havia gasto tudo o que tinha e nada conseguiu de solução para sua vida. Caiu
no conto do “vigário”, desculpem-me, no conto do “pastor”!
Mas também é possível
notar que há muitas Igrejas cheias, com muitas atividades e ocupações, mas as
pessoas ali permanecem vazias. Trabalham tanto para a Obra de Deus que se
esquecem do Deus da obra. O Cristianismo foi reduzido a mero entretenimento e
atividades eclesiásticas dominicais ao ponto de que o dia do descanso tenha
sido transformado em dia do cansaço. Em vez de celebração e adoração, o domingo
virou dia de agitação, e o Deus da obra foi trocado pela própria obra. Em vez
de ser produtora de trabalho na Igreja e Reino de Deus, a vida foi trocada pelo
ativismo, deixando de dar sentido para a pessoa. Enfim, a realidade é que as
pessoas estão vazias não porque estejam desempregadas, com saldo devedor, com enfermidades,
com a perda de um ente querido. Estão vazias porque o espaço vazio dentro de
suas vidas é do tamanho exato de Deus. O vazio é a perda de sentido na vida, de
objetivo em viver, e se tornou uma rotina sem razão. O sentimento que possuem
na sexta-feira, às 20h, é de euforia, trocado por angústia e depressão com a
musiquinha do Fantástico no domingo à mesma hora, como alguém me disse outro
dia. Isso não é vida!
Jesus disse “Eu vim para
que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10.10). Não é porque você
entregou a sua vida a Jesus, trabalha na Igreja, é dizimista, que conquistou a
imunidade a vírus, bactérias, morte, perda de emprego, etc. Como nova criatura,
você vive, não mais você, mas Cristo vive em você (Gálatas 2.20), ele é quem
vai dar significado à sua vida. A visão de mundo agora é outra, os bens são
meros acessórios, muitos deles dispensáveis. Você vai buscar um estilo simples
de viver, por isso é possível dizer: “Em tudo dai graças” (I Ts 5.18). Uma vida
grata é uma vida cheia de sentido, que vai produzir envolvimento no trabalho de
Deus e em Seu reino, mas não o inverso. Deus considera pessoas cheias de vida,
não de bens, títulos, cargos ou ativismo. A escolha é sua.
Pr. Lourenço Stelio
Rega / Extraído
do Jornal Batista