Os autores Thom e Joani Schultz dedicam-se a fazer estudos
constantes sobre como ajudar as igrejas a se fortalecerem. Afirmam serem
consultores e já escreveram um livro polêmico anos atrás chamado “Why Nobody
Learns Much of Anything in Church Anymore” (Por que ninguém mais aprende muita coisa na igreja).
Eles afirmam terem ficado muito preocupados após uma pesquisa conduzida por
eles indicar que:
- 12% dos presentes afirmam lembrar o conteúdo do sermão no dia
seguinte.
- 90% afirmam que pensam em outras coisas durante o sermão.
- 33% acham os sermões “longos demais”.
- 90% afirmam que pensam em outras coisas durante o sermão.
- 33% acham os sermões “longos demais”.
- 11% dos homens e 5% das mulheres afirmam que o sermão dominical é a principal
maneira como eles aprendem sobre Deus.
Seu novo livro, “Why Nobody Wants to Go to Church Anymore” (Por que Ninguém mais quer ir à
Igreja) promete ser igualmente polêmico. Assim como no
primeiro, lideranças cristãs afirmam que a Igreja não é um esforço puramente
humano e, por isso, as conclusões não podem ser aceitas sem questionamentos.
O fato é que em muitos países historicamente cristãos,
principalmente na Europa e nos EUA, a frequência aos cultos diminui a cada ano.
Cada vez mais, os bancos vazios aos domingos refletem-se no número recorde de
igrejas fechadas ou vendidas para a abertura de templos para muçulmanos ou
lojas.
No livro lançado este mês, os autores procuram fornecer algumas
respostas, com destaque para as “quatro soluções possíveis” para o problema.
Thom Schultz e sua esposa dizem que algumas das causas estão relacionadas com
tendências sociais e culturais, mas para ele o problema pode ser identificado
no mundo todo, especialmente entre os mais jovens.
Schultz disse que é uma questão complexa, pois a cultura atual
questiona como nunca as crenças e o estilo de vida dos cristãos. Afirma ainda
que as pessoas não querem simplesmente ser ministradas em um sistema de
comunicação unidirecional, pois estão acostumadas a fazer parte de um debate
constante nas redes sociais.
Os quatro aspectos principais de seu estudo, considerado por ele
os “motivos” são:
1) As
pessoas sentem-se julgadas na igreja. Como solução, ele propõe a “hospitalidade
radical”. Isso significa aceitar a pessoa como ela é, mas sem concordar com o
que ela faz. “Essa nada mais é que uma abordagem semelhante à que Cristo
usava”, garante.
2) Falta
de diálogo no que se refere ao ensino. Para Schultz é necessário existir uma
“conversa sem medo”, que significa considerar os vários pontos de vista, ao
invés de simplesmente oferecer palestras com o assunto já decidido. “As pessoas
querem ser envolvidas na conversa sobre a fé”, por isso incentiva que as
igrejas estejam mais abertas para ouvir opiniões.
3) Para
a maioria dos não-crentes, “os cristãos são hipócritas” e essa percepção só
aumenta com os casos de escândalo financeiros e sexuais em alguns meios. Por
isso, o autor está pedindo “humildade genuína”. Defende que as igrejas não
devem querer estar acima desses problemas sem oferecer soluções e mostrar na
prática que isso é uma generalização.
4) É
enorme o número de críticos argumentando que Deus está distante ou morto e por
isso o mundo está nesse estado atual. Schultz acredita que as igrejas precisam
voltar a sintonizar suas mensagens na pessoa de Deus. “Muitas igrejas já se
esqueceram de falar sobre Deus, falam apenas sobre o que ele fazia nos tempos bíblicos”,
afirma. A ênfase exagerada nos benefícios materiais que a fé pode trazer também
contribui para que as pessoas percam a noção de elementos como graça e pecado,
vendo sua relação com Deus como apenas uma troca de ofertas por bênçãos.
O Centro Pew de Pesquisa sobre Religião e Vida Pública, realizou
um estudo demográfico abrangente em grande parte dos países do mundo. A
pesquisa incluía estatísticas e análise de tendências para as próximas décadas.
Uma de suas principais conclusões é o rápido crescimentos dos “sem religião”,
especialmente em países tradicionalmente cristãos. Eles já são o terceiro maior
grupo “religioso” do mundo, atrás de cristãos e muçulmanos. Cerca de uma em
cada seis pessoas do mundo (16,3%) afirma ser “sem religião”.
A maioria deles
afirma que, embora tenha suas crenças particulares, não se identifica com
nenhuma religião “oficial”.
Schultz acredita que essa tendência pode ser revertida caso as
igrejas sejam mais relevantes em suas mensagens, especialmente se posicionando
biblicamente sobre questões como desigualdade social, cuidado com o
meio-ambiente, e tantas outras “perguntas que todos estão se fazendo”.
O autor mencionou a homossexualidade como um exemplo de assunto
que rapidamente é abordado pelos pastores, que se esquecem que existem muitos
outros tipos de imoralidades que eles parecem não ver.
“Eu acredito que a igreja pode prosperar de novo”, disse ele, observando que para isso é necessário mudar a metodologia, não a mensagem.