Do Adiberj / Gospel Prime
(Foto: Reprodução) |
Alguns dos ensinamentos do papa
Francisco na encíclica “Amoris Laetitia” [A Alegria do Amor], estão sendo
questionados por quatro cardeais conservadores católicos. Para eles, esse é
documento de peso sobre a família, mas que semeia confusão sobre temas morais
importantes, como o divórcio e a homossexualidade.
Os cardeais estão vindo a público com sua reclamação, pois o
Papa não respondeu ao pedido feito por eles em abril. Na encíclica, Francisco
pede que a igreja católica seja menos rígida e mais compassiva com os membros
“imperfeitos”. Cita como exemplo aqueles que se divorciaram e voltaram a se
casar. Seu argumento é que “ninguém pode ser condenado para sempre”.
Ele pediu aos sacerdotes de todo o mundo que “acolham” gays,
lésbicas e outras pessoas que vivem em situações que a igreja considera
“irregulares”. Não disse que considera válido o casamento gay, mas a linguagem
dúbia afirma que devem ser valorizados os “sinais de amor de que, de algum
modo, refletem o amor de Deus”.
Na época que foi publicado o documento de 260 páginas,
argumentou-se que era uma tentativa de tornar a igreja “mais inclusiva” e
“menos condenatória”. Os cardeais — dois alemães, um italiano e um
norte-americano — tomaram uma postura considerada extrema.
No passado, o pontífice teve desentendimentos com os mais
conservadores dentro do Vaticano. Eles temem que Francisco esteja enfraquecendo
os ensinamentos milenares sobre a família, preferindo se dedicar a defender
problemas sociais como a mudança climática e a desigualdade econômica.
Segundo a lei da igreja, quem se divorcia e volta a casar não
poderia receber a comunhão, uma vez que seu primeiro casamento ainda é válido e
por isso eles estão vivendo em adultério. Na encíclica, o Papa fica ao lado dos
progressistas que deixam a cargo do padre ou bispo decidir, juntamente com o
fiel, se ele ou ela pode ser reintegrado plenamente e receber a comunhão.
Erro Papal
Em uma entrevista ao National Catholic Register, o Cardeal
Raymond Burke explicou que a decisão de confrontar publicamente o papa é
justificada pela ‘tremenda divisão’ que a encíclica pode causar no seio da
Igreja.
Segundo ele, a Igreja Católica neste momento “passa por uma
enorme confusão em relação a vários pontos da encíclica… esses pontos críticos
estão relacionados com princípios morais irreformáveis”. Assegura ainda que os
cardeais acreditam ser sua responsabilidade “pedir um esclarecimento a respeito
dessas questões, com o objetivo de colocar fim à propagação da confusão que, de
fato, está levando o povo ao erro”.
Burke alega que o papa “é o fundamento da unidade dos bispos e
de todos os fiéis. Essa ideia, por exemplo, de que o papa deva ser algum tipo
de inovador, que está conduzindo uma revolução na igreja ou algo do tipo, é
completamente alheia ao Múnus Petrino [autoridade passada por Pedro]”.
Citando o versículo de Gálatas (1:8), lembra que ninguém pode
“pregar qualquer evangelho diferente do qual eu [Paulo] vos preguei”. Logo,
existe na tradição da Igreja, a prática da correção ao Sumo Pontífice. Embora
seja algo muito raro, os cardeais estão dispostos a exigir que Francisco
corrija o que seria “um grave erro”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário