No Egito, um conselho de importantes cristãos coptas escolherá
os três candidatos finalistas para suceder o papa copta Shenuda III , que
faleceu em março. Dois bispos e três monges aspiram se tornar o papa número 118
da Igreja Ortodoxa copta de Alexandria, que tem cerca de 16 milhões de membros
em nível mundial.
No próximo domingo, uma criança da congregação, com os olhos
vendados, escolherá o vencedor ao tirar o nome de uma urna na catedral copta de
São Marcos, no Cairo. De uma lista de cinco candidatos a se tornarem o
patriarca da Igreja Ortodoxa copta, principal minoria cristã, e sucessor de
Shenouda III, falecido em março, serão conhecidos os nomes (a eleição ocorreu
na segunda-feira, 29-10) dos três religiosos que poderão ocupar o posto.
Posteriormente, no dia 4 de novembro, às cegas, uma criança
escolherá um dos nomes escritos em três cédulas colocadas numa caixa sobre o
altar da catedral copta de São Marcos, no Cairo. Quem for nomeado desempenhará
um papel central na afirmação da posição dessa comunidade no Egito, após a
queda do presidente Hosni Mubarak, no ano passado.
Também pode acontecer que fique numa posição difícil, diante da
Irmandade Mulçumana e dos salafistas, na defesa dos direitos religiosos e da
segurança dos 10% de coptas entre os 80 milhões de egípcios, como explicou para
a BBC Mundo a especialista em assuntos religiosos María Asunción Lucio Díez.
O novo papa dos coptas, que são cerca de 16 milhões em todo o
mundo, será entronizado no dia 18 de novembro.
A morte de Shenoulda III, aos 88 anos, no dia 17 do último mês
de março, após quatro décadas à frente desta Igreja, “deixou essa minoria sem
sua principal figura e líder espiritual num momento muito delicado”, acrescenta
a especialista. Vítimas de recentes ataques violentos, muitos integrantes de
uma comunidade que é tradicionalmente discreta temem o auge do islã político,
“embora o aumento da insegurança seja um tema que preocupe, igualmente,
muçulmanos e cristãos”, explica Lucio Díez.
O novo Papa terá a tarefa de tranquilizar a comunidade copta,
após o ressurgimento islâmico, com o Egito nas mãos dos Irmandade Muçulmana.
Muitos coptas jovens, explicam os correspondentes, estão em busca de um líder
que possa ajudar a redefinir o papel de sua comunidade numa área de rápida
evolução, depois da queda de Mubarak.
A eleição do líder das comunidades eclesiais mais antigas do
cristianismo deu início com a morte de Shenouda III. Um conclave se encarrega
de designar os candidatos mediante uma lista que, em seguida, fica reduzida a
três nomes que são inscritos em cédulas. Numa missa solene, que se conhece como
“sagrada eleição à sorte”, uma criança – com os olhos vendados – escolhe numa
de prata a cédula com o nome do novo líder. A tradição “está baseada na ideia
de que é Deus quem escolhe por meio de uma mão inocente”, explica Lucio Díez.
De acordo com a tradição, foi o evangelista Marcos que levou o
cristianismo para o Egito, sendo considerado o fundador da Igreja copta. Além
do Egito, essa denominação tem seguidores na Etiópia, América do Norte e
Europa.
Fonte:Instituto Humanitas/ADIBERJ
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