A falta
de compreensão dessa diferença é que tem definido a postura da maioria do povo
brasileiro, uma postura confusa e de escolhas equivocadas e maléficas no
contexto político brasileiro. Os eleitores tendenciosos e os candidatos
interesseiros que são eleitos é que formam a politicagem que presenciamos nesta
crise pela qual passa o Brasil. Examinaremos a grande diferença entre a
política e a politicagem.
A palavra política vem da língua grega e significa
“o governo da cidade”. Ela tem a ver com “boas maneiras, urbanidade,
cavalheirismo, polidez, gentileza, civilidade, benevolência, humildade,
acolhimento…”.[1] É
o compromisso com a governabilidade e com a gestão eficiente, eficaz,
apaixonada e zelosa da cidade. O político autêntico, por vocação e não por
vacação, é uma pessoa comprometida com a excelência em governar uma cidade ou
legislar com justiça. O político é alguém que está engajado na construção de um
projeto de Estado e não simplesmente de um movimento de governo que visa
perpetuar-se no poder pelo poder. Ele está interessado no bem da nação, bem
como contribuir de forma decisiva para o fortalecimento das instituições do
Estado brasileiro. O político é um servo do povo e para o povo. O seu poder
emana do povo para servir o povo com equidade, compromisso, amor, empatia,
simpatia, respeito e competência. Ele não tem interesses próprios, mas trabalha
fielmente para os interesses dos seus eleitores sempre obedecendo a
Constituição. Tudo que é possível fazer para facilitar a vida dos cidadãos é do
âmbito do político vocacionado para o cargo eletivo ou indicado para um cargo
público com base na meritocracia. O político não procura cargos, mas cargas. É
uma pessoa comprometida com o trabalho de melhorar a qualidade de vida da
população. Ele busca se aprofundar em sua função delegada pelo voto. O político
vocacionado é uma pessoa estudiosa, aplicada, disciplinada e determinada nas
suas atribuições definidas em lei. Ele veste a camisa do serviço abnegado para
beneficiar o cidadão que paga os impostos. O homem público é trabalhador e
responsável. Tem consciência da envergadura da missão que recebeu dos
eleitores.
A palavra politicagem é uma deformação da
política e quer
dizer: “corporativismo, espírito de classe, fisiologismo, rabo preso; filosofia
sectária, mercantil; mercantilismo, partidarismo, comprometimento, unilateralidade,
política de campanário, politiquice, venalidade, chicana, nepotismo,
favoritismo, parcialidade, suspeição, sutileza, astúcia, artimanha, desvario,
extravagância, desatino, facciosismo, má fé, fanatismo, corrupção, suborno e
tráfico de influência”.[2] Estes
significados traduzem muito bem a grande maioria que está na gestão pública ou
em cargos eletivos. Poderia se dizer o contrário, mas não seria real ou
verdadeiro. A politicagem anda solta como um vírus em todo o corpo do Estado
brasileiro. As instituições estão cheias de gente politiqueira. Essa
gente está preocupada em levar os cargos na maciota. O politiqueiro, o que
pratica a politicagem, está interessado em favorecer a si, sua família e seus
apadrinhados. Ele não está preocupado com a meritocracia, mas com os seus
interesses meramente pessoais. Quando se fala em político, a lembrança é de
egoísmo, egolatria, incompetência, maldade, fisiologismo e alto interesse em
benefício próprio. Geralmente o politiqueiro é reacionário. Ele não tem
princípios, mas principado. Não tem personalidade, pois o partido é que manda.
O politiqueiro não tem coerência. É triste sustentar politiqueiro. Ele custa
muito caro aos cidadãos que pagam pesados impostos. Partidos e politiqueiros
são ineficientes, perdulários, irresponsáveis com o dinheiro público. Ganham
muito para nada fazerem. São como camarões, que vivem nas costas do Brasil. É
muito triste e pesado lidar com politiqueiro. Ele sé aparece de quatro em
quatro anos. Muitos políticos se elegem pela compra de votos. No exercício dos
cargos, geralmente não há prestação de contas.
Os que praticam a politicagem gostam de visitar os pastores e as
igrejas. Fazem média. Parecem amigos, mas não são. Os politiqueiros utilizam
todos os meios para impressionarem os incautos. Poucos brasileiros são massa
crítica. Infelizmente, a maioria não sabe votar, não sabe exercer a cidadania
responsável. Os politiqueiros se elegem por causa dos cidadãos irresponsáveis e
imaturos, que não pensam e que não têm discernimento. No ambiente da
politicagem muitos se candidatam para elegerem os mais conhecidos e, assim,
conseguirem uma boquinha com os que foram eleitos. É a politicagem do
apadrinhamento da troca. Uma das cenas mais dantescas é o programa eleitoral
nos meios de comunicação de massa. É sofrível ver. Na verdade, causa asco,
nojo. Podemos perceber claramente que na politicagem a pessoa se candidata a um
emprego e não a uma vocação, a uma missão ou a um compromisso inadiável e
inalienável com o povo. Os salários e os benefícios são atraentes. Na
politicagem, se possível, emprega-se todos os familiares e agregados.
Nesse tempo tão tumultuado, quando passamos por uma crise
profunda, precisamos dizer não, definitivamente não, à politicagem. Precisamos
de políticos de caráter. É necessário dizer sim à política séria, comprometida
com a verdade, com a integridade, com a governabilidade e com o bem-estar do
povo. A política está à serviço da justiça social, distribuição de renda, saúde
de qualidade, segurança eficaz e eficiente, educação de excelência e uma
consciência profunda de igualdade e fraternidade. O Brasil não avançará
enquanto houver politicagem, isto é, nepotismo, corrupção e os outros
desmandos. Precisamos eliminar no voto os maus políticos, os que praticam a
politicagem. Os partidos são cabides de emprego e não formadores de cidadania e
desenvolvimento sustentável. Que Deus nos livre dos politiqueiros e nos dê
políticos que amem o Brasil, mas, acima de tudo, amem a Deus, nosso Criador e
Redentor, Senhor da História.
Pr. Oswaldo Luiz Gomes Jacob
Pastor da Segunda Igreja
Batista em Barra Mansa – RJ
Colunista deste Portal
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